No dia em que atravessei o mundo e fui a Timor

No dia em que atravessei o mundo e fui a Timor

No dia em que atravessei o mundo e fui a Timor

14-02-2018

14-02-2018


Para chegar a Timor-Leste atravessámos um mundo: alguns continentes e oceanos, dezenas de países, rios, montanhas e povoados. Para chegar a Timor atravessámos culturas, línguas e povos distintos, ricos, coloridos. Há várias formas de o fazer, mas seguindo as rotas mais rotas precisámos de quase dois dias para aterrar em Díli.
No nosso caso decidimos ir via Amesterdão com escala em Singapura e aterragem em Bali. Daqui o voo diário levou-nos para Díli apenas no dia seguinte.

Chegar a Díli é quase que aterrar no mar. Numa viagem de cerca de 01:30 chegámos à terra do sol nascente. É inesquecível o bafo, o cheiro a calor, a humidade. Sair do aeroporto até ao centro da cidade é já uma aventura.

Por sermos portugueses não pagámos visto para entrada. Aqui somos portugueses! Somos passado histórico, colonialista e presente de cooperação, de salvação. Fazemos parte do futuro no desenvolvimento.
Ao sair do aeroporto há dezenas de taxistas que nos tentam levar até ao centro… apanhámos um… e fomos! Tudo é negociado. Antes de entrar no carro já sabíamos quanto íamos pagar à saída. O choque visual é forte, o choque cultural é automático.

Nesta viagem que durou cinco dias andámos por Timor-Leste como os nacionais o fazem: de biscota, de barco, de táxi negociado, a pé! Visitámos Díli, descobrimos a ilha de Ataúro, viajámos até Baucau e tirámos um sumo de amor e cultura de tudo o que vimos, ouvimos, bebemos, provamos, cheirámos!

Em Díli nadámos, subimos ao Cristo Rei, regateámos nos mercados, comprámos Tais. Bebemos todos os sumos da melhor fruta, falámos português, apanhámos chuva quente.
Em Díli percebemos como a população timorense cresce, como há vida nas ruas, como os animais coabitam os mesmos espaços que a família e é tudo bem, é tudo bom!

Timor-Leste é um país de encantos: aqui os crocodilos são sagrados e é normal vê-los a nadar nas praias, junto à costa. Ninguém os teme, toda a gente os respeita e alimenta.
Em Timor-Leste o arroz come-se ao pequeno-almoço, a fruta come-se todo o dia. A água de coco repõe as energias e o Tamarindo as vitaminas.

Ir a Timor é como andar no tempo. Aqui tens toda a tecnologia dos países ricos, mas para fazeres os 130 quilómetros que separam Díli de Baucau levas três horas. Três horas numa biscota que custa 25 centavos por viagem e onde o teu lugar é dividido com as galinhas, a mobília, as compras e a vida de tantos outros timorenses.

As praias são desertas, muitas selvagens. O mar é azul cristalino, a areia branca e a água quente. Em Timor as mulheres não usam biquíni, banham-se vestidas. Num país amplamente cristão fala-se tétum e os sorrisos são grandes, puros e genuínos.

Ir a Timor é um desafio. Sendo um dos países com menor taxa de turismo do mundo, as estruturas e as infraestruturas escasseiam e preços dos serviços são altos. Mas se houver paraíso na terra poderá chamar-se Jaco, a ilha onde não há casas, mas o mar é de sonho.

Timor fica na memória, fica na retina e quem estranha, entranha. A comunidade portuguesa neste país é elevada e ocupa-se em diversas áreas: restauração, turismo, educação, justiça, construção, voluntariado, entre tantas outras áreas.

À saída do país pagámos uma quantia para oficializar a mesma. E depois guardámos e relembrámos quão diferente, intensa e bonita foi a aventura. Quem atravessa o mundo e vai a Timor dá à vida mais valor e duplica por si o seu amor!

Ah já fui a Timor, já fui um conquistador!

Texto e fotos: Liliana Costa

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